quarta-feira, 3 de julho de 2019




A VIDA É BELA


Ainda quando meus dias são amargos, sinto o doce sabor da vida.

sonia delsin 



CAPIM DOURADO

deitado
capim dourado
na lembrança
do
passado

sonia delsin 





FEITIÇO

de luares
e ventos
de pensamentos
enfeitiçada eu seguia
ia
sem me importar se me trazia
dor ou alegria
importava apenas a fantasia

sonia delsin 




ÍRIS

estendo o olhar
para o arco-íris
para uma íris
que ficou intocável
no baú das recordações

sonia delsin 





OLHAR DOURADO

ficou guardado
no passado
teu olhar dourado

tenho procurado
não tenho encontrado

tenho buscado
teu beijo demorado

mas qual!
também não tenho achado

corro os dedos no piano
do tempo
e o som não vem

morreu a melodia
explodiu poesia
quanta fantasia!

ando buscando
teu olhar dourado
que ficou guardado
nas brumas do passado

tenho andado
tenho andado

sonia delsin 



MÃOS

mãos que curam
incansáveis
retirar dali, do meio da carne,
o mal
retirar o mal
retirar o mal

sonia delsin 




UM PARTIR... SEM IR

deixei dependurado meu coração
nalgum ramo
da jabuticabeira florida

outros tempos
outros dias
da minha vida

morto levanto
caminho

ando, ando
na terra amada
bebo o orvalho
deito a mão no galho
da árvore
favorita

e falo
e grito aos ventos
e digo que pertenço à terra
“que ela me pertence”
não no sentido da posse
é um pertencer nos sentimentos
nela vivi doces momentos

bebi da água da fonte
fui pequenino
fui gigante
alcancei os tetos do paiol
no rancho trabalhei
silenciei
para ouvir o canto dos pássaros
ouvir o ranger dos bambuzais
quantos risos!
quantos ais!

e parti
e lá deixei
o coração
os músculos
deixei suor
e lágrimas

e a terra armazenou
lembranças
fecho os olhos
me voltam as crianças....
tudo me volta
e isto me basta

sonia delsin