UM PARTIR... SEM IR
deixei dependurado meu coração
nalgum ramo
da jabuticabeira florida
outros tempos
outros dias
da minha vida
morto levanto
caminho
ando, ando
na terra amada
bebo o orvalho
deito a mão no galho
da árvore
favorita
e falo
e grito aos ventos
e digo que pertenço à terra
“que ela me pertence”
não no sentido da posse
é um pertencer nos sentimentos
nela vivi doces momentos
bebi da água da fonte
fui pequenino
fui gigante
alcancei os tetos do paiol
no rancho trabalhei
silenciei
para ouvir o canto dos pássaros
ouvir o ranger dos bambuzais
quantos risos!
quantos ais!
e parti
e lá deixei
o coração
os músculos
deixei suor
e lágrimas
e a terra armazenou
lembranças
fecho os olhos
me voltam as crianças....
tudo me volta
e isto me basta
sonia delsin